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As esponjas

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                 A segunda expedição científica rumo ao ASPSP, no âmbito dos projetos supracitados, foi composta por duas pesquisadoras doutorandas da UFRJ, eu, Fernanda Azevedo (integrante do LaBiPor) e da UERJ, Ghennie Rodríguez (integrante do LBDM/UFRJ). Além dos pesquisadores Rômulo Pires e Juliana Viana, graduandos do curso de Engenharia de Pesca da UFPE.

Conforme procedimento padrão do programa PROARQUIPÉLAGO-SECIRM, recebemos treinamentos especiais pré-embarque, realizamos avaliações clínicas e cursos de primeiros socorros e de resgate no mar, como mencionados acima.

A expedição 331 teve duração total de 29 dias, iniciando em 1º de junho de 2011 com a ida até Natal e encerrando em 29 de junho com a volta ao Rio. Em Natal, permanecemos quatro dias no Hotel de Trânsito Titanic, da Marinha do Brasil, para inspeção médica e procedimentos padrão pré-embarque. No mar, a bordo do barco pesqueiro Transmar III, sob o comando do Sr. Jonas e sua tripulação, sete dias. Nas instalações da ECASPSP, quinze dias, fazendo pesquisa científica nos rochedos, e os últimos três dias em Fernando de Noronha.

As coletas começaram já em Natal, com uma visita ao mercado de peixes para obtermos amostras de duas espécies de lagosta (Scyllarides brasiliensis e Panulirus laevicauda), a primeira, objeto de estudo da tese de Ghennie.

Na ECASPSP, tivemos bastante sorte com o longo período de tempo bom e mar tranquilo. Assim, eu e Ghennie pudemos mergulhar quase todos os dias em que estivemos por lá. Os mergulhos, inicialmente, foram restritos à enseada. Entretanto, com o tempo estável e com excelente condição de mar, conseguimos fazer uma inspeção no Cabeço da Tartaruga, um ponto de mergulho fora da enseada, para checar a viabilidade de uma coleta no local. Por fim, realizamos todos os mergulhos, autônomos e apnéias, dentro e fora da enseada, com grande sucesso!

Por vezes, as coletas se deram a bordo da embarcação pesqueira, com a remoção de apêndices de lagostas capturadas com covo (armadilha de pesca). Nossos amigos pescadores foram de fundamental importância no desenvolvimento da pesquisa científica no ASPSP, nos apoiando especialmente nas atividades de mergulho, na captura de lagostas (Panulirus echinatus) e também na coleta de muitos exemplares do poliqueto verme-de-fogo (Hermodice sp.).  

As coletas nos renderam amostras de esponjas calcareas como Clathrina cf. aspina e outras; demosponjas como Scopalina rutzleri, a esponja laranja incrustante mais abundante no ASPSP, Didiscus oxeata, esponja amarela com detalhes em marrom, encontrada principalmente em ambiente ciáfilo (abrigado da luz) como fendas ou tocas; holotúrias (Isostichopus sp.), ouriços-satélite (Eucidaris sp.), ofiuróides, lagostas (Panulirus echinatu), antozoários (Palythoa caribaeorum) e poliquetos (Hermodice sp.).

Dentre as atividades rotineiras na ECASPSP, podemos destacar as coletas e o processamento das amostras, a limpeza das placas solares, a operação para a utilização do dessalinizador, a limpeza das instalações da estação, a preparação das refeições etc.

Na ECASPSP, os “donos do pedaço” são os atobás (Sula leucogaster), as viuvinhas (Anous stolidus) e os caranguejos (Grapsus grapsus), nossos companheiros diários neste longínquo arquipélago e que por vezes, nos pregavam grandes sustos.

Além dos mergulhos para as atividades científicas, desfrutamos de momentos de êxtase com a visita de alguns habitantes das águas tropicais do Atlântico, tais como: duas espécies de raia (Mobula tarapacana e Manta birostris), golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), tubarão-baleia (Rhincodon typus), tartaruga (Eretmochelys imbricata), moréia-pintada (Muraena pavonina), barracuda (Sphyraena barracuda) e peixe budião (Sparisoma sp.), que nos instantes da coleta mordiscavam nossas orelhas.

Nas vésperas da nossa rendição na ECASPSP, tivemos a honra de fazer a substituição da Bandeira Nacional Brasileira, desgastada pela ação dos ventos, por uma novinha em folha. 

No dia 22 de junho, perto das 6 horas da manhã, chegou à boca da enseada o barco pesqueiro Transmar I trazendo a nova equipe que nos renderia e, junto a ela, veio uma corveta da Marinha que faria a manutenção da ECASPSP  e, com eles, uma equipe de reportagem de Natal.

Em minutos, zarpamos rumo ao Arquipélago de Fernando de Noronha numa viagem que durou três longos dias. Finalmente, chegamos ao porto de Noronha na madrugada de sábado, em 25 de junho, onde fomos recolhidos pelo Sgto. Pestana, que nos levou até o alojamento “Casa da Marinha”, onde ficamos instaladas até 28 de junho, quando retornamos a Natal. Além do alojamento, a Marinha do Brasil nos forneceu alimentação durante os três dias que permanecemos na Ilha.

Em Noronha, fizemos contato com o analista ambiental do ICMBio, que verificou nossa licença de coleta e autorizou-nos a sair para o mar com a operadora de mergulho Atlântis. A operadora nos deu um excelente apoio logístico e nos levou para Ressurreta, Buraco do Inferno, Cagarras, Buraco das Cabras e Ilha do Meio.

Tivemos muito sucesso nas coletas, tendo encontrado supostos espécimes da esponja Clathrina aurea, que buscávamos por lá. Já no LaBiPor, constatamos que se tratavam de uma espécie nova de Clathrina “amarela”. No dia 28 de junho, pela manhã, fomos à APA (Caçimba do Padre e Baía dos Porcos) onde conseguimos, por meio de apnéia, obter amostras de dois morfotipos de poliqueto (Spirobranchus sp.).

                 Para finalizar o relato desta expedição científica, gostaria de prestar minha imensa gratidão a todos que contribuíram para a realização e o sucesso desta pesquisa .

 

Texto: Fernanda Avezedo