Universidade Federal do Rio de Janeiro

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  III - Filogenia e biodiversidade de espécies tropicais  
 

1 - Filogenia molecular de espécies do gênero Eugenia (Myrtaceae) utilizando sequenciamento de regiões cloroplásticas e nucleares.

Equipe: Dr. Fabiano Salgueiro, Durvalina Felix, Dr. Rogério Margis, Dr. Márcio Alves-Ferreira (Coordenador) Apoio: CNPq
Situação: Em desenvolvimento (2006-2007)
     A família Myrtaceae é a maior da ordem Myrtales (Joly, 1977), compreendendo aproximadamente 100 gêneros e 3500 espécies (Barroso, 1984), localizadas principalmente nas áreas tropicais e subtropicais (Schultz, 1984). O gênero Eugenia L. compreende aproximadamente 2000 espécies. Sua ocorrência vai dos trópicos e subtrópicos do Novo Mundo aos trópicos da Ásia, África e Austrália (Haron & Moore, 1996). Estima-se que existam mais de 250 espécies de Eugenia somente no território brasileiro (McVaugh, 1956). Muitas destas espécies possuem importância ecológica, econômica e farmacêutica (Barroso, 1984; Klein, 1990; Lorenzi, 1992; Consolini et al., 1999). Algumas delas estão na lista de espécies nativas da flora do município do Rio de Janeiro ameaçadas de extinção: E: brasiliensis, E. copacabanensis, E. rotundifolia (SMAC-RJ, 1996).
     Algumas espécies de Eugenia, como a E. brasiliensis (grumixama), E. multicostata (pau-alazão)e E. rostrifolia (batinga), fornecem madeira de boa qualidade, sendo utilizadas para obras de torno, carpintaria, marcenaria e caixotaria (Legram & Klein, 1969; Lorenzi, 1992). Além destas, a E. uniflora (pitanga) é plantada comercialmente para produção de suco. Seus frutos também são muito utilizados na fabricação de geléias, doces e licores caseiros. Além do aspecto econômico, o uso de espécies de Eugenia para recuperação e manutenção de áreas degradadas também é de grande relevância. (Ribas, 1991). Outras utilizações freqüentes para as espécies de Eugenia são o paisagismo e a arborização de ruas. Portanto, observa-se uma ampla utilização econômica e ecológica das espécies do gênero Eugenia. Para utilização deste potencial, é fundamental compreender bem as relações filogenéticas entre as espécies deste grupo.
     A taxonomia de Eugenia, assim como de toda a família, é bastante complexa e controvertida (McVaugh, 1956; Parnell, 1999), estando baseada principalmente na análise de estruturas macromorfológicas embrionárias e florais (McVaugh, 1956). Entretanto, nem sempre estas estruturas estão disponíveis, pois o período reprodutivo costuma ser curto. Atualmente, além de caracteres macromorfológicos, utiliza-se principalmente anatomia e micromorfologia de folhas (Haron & Moore, 1996) e de outras estruturas vegetais (Parnell, 1999). Todavia, existem poucos estudos taxonômicos do gênero utilizando caracteres bioquímicos (Haron et al., 1992) ou moleculares (van der Merwe et al., 2005). Principalmente quando se trata de espécies brasileiras. Portanto, o desenvolvimento de ferramentas moleculares serão muito úteis na elucidação das relações filogenéticas entre as espécies deste gênero.
     Neste trabalho, a filogenia de espécies de Eugenia está sendo estudada utilizando sequenciamento de regiões cloroplásticas e nucleares. O intron do gene cloroplástico rpl16 e as regiões ITS e ETS nucleares já foram utilizados para análises filogenéticas de espécies de Eugenia da África (van der Merwe et al., 2005), apresentando bons resultados, e também estão sendo empregados neste trabalho. Como grupo externo optou-se por utilizar uma espécie da subfamília Leptospermoideae. Os resultados obtidos para as espécies brasileiras serão comparados com outros resultados já disponíveis na literatura para outras espécies de Eugenia (van der Merwe et al., 2005) e também para outras Myrtaceae (Lucas et al.; 2005).

2 - Estrutura genética e variação fenotípica em populações naturais de Aechmea nudicaulis (Bromeliaceae) no complexo vegetal da Mata Atlântica: comparação entre ambientes de mata e restinga.

Equipe: Roberta Kuan Tchuen de Mello Loh, Dr. Fabiano Salgueiro, Durvalina Felix, Dr. Rogério Margis, Dr. Márcio Alves-Ferreira, Dr. Fábio Scarano (Coordenador)
Apoio: CNPq
Situação: Em desenvolvimento (2006-2007)
A bromélia Aechmea nudicaulis ocorre em diferentes tipos de vegetação, podendo ser encontrada no cerrado, restinga, floresta e floresta inundada. No complexo da Mata Atlântica esta espécie pode ocorrer em diferentes habitats e é classificada como epífita facultativa, não tolerante ao sombreamento e dispersa por pássaros. Em ambiente de floresta, ela cresce preferencialmente como epífita, utilizando troncos de árvores como substrato, enquanto na restinga esta espécie cresce principalmente como terrestre, no substrato arenoso.
         Na restinga de Jurubatiba, esta espécie funciona como espécie-berçário, servindo como sítio de germinação para outras espécies. Devido à forma de roseta com as folhas voltadas para cima, estas bromélias são capazes de coletar água da chuva e folhas que caem no interior do seu tanque e freqüentemente abrigam elementos da fauna local.
         A maior parte da flora da restinga é oriunda da Mata Atlântica. A colonização do ambiente de restinga por espécies de Mata Atlântica pode ter se dado por poucos indivíduos que se estabeleceram ou por múltiplos eventos de introdução. Estes dois cenários afetariam de maneira diferente a constituição genética da população da restinga. Conhecer a estrutura genética de uma população é fundamental para fins de conservação. Desta forma, a estimativa da variabilidade genética dentro da população da restinga e a comparação entre as populações da mata e da restinga é essencial para diagnosticar o estado de conservação da diversidade genética da população de A. nudicaulis na restinga de Jurubatiba, uma importante unidade de conservação deste tipo de ambiente.  Uma população natural de A. nudicaulis localizada em uma área de mata Atlântica no norte do estado do Rio de Janeiro será utilizada na comparação com a população da restinga.
        Além disto, A. nudicaulis pode se reproduzir sexuadamente ou assexuadamente, via emissão de brotos. A taxa de sucesso no estabelecimento de brotos é maior do que via reprodução sexuada. Populações naturais de grande porte e não endocruzadas possuem grandes estoques de diversidade genética que conferem diferenças entre indivíduos nas suas respostas a tais mudanças. Desta forma, uma alta taxa de reprodução clonal associada a um baixo fluxo gênico com outras populações poderia estar comprometendo seriamente os níveis de variabilidade genética da população de A. nudicaulis na restinga de Jurubatiba.

3 – Biodiversidade de espécies arbóreas de florestas úmidas.

Equipe: Durvalina Felix, Dr. Fabiano Salgueiro, Dr. Márcio Alves-Ferreira, Dr. Rogério Margis (Coordenador)
Apoio: Comunidade Européia
     Situação: Em desenvolvimento (2002-2009) The primary focus of SEEDSOURCE is to communicate, to people who use trees (e.g. foresters, farmers, conservationists), the necessary information on germplasm sourcing and utilisation to ensure that harvested systems use the best adapted material, that The primary focus of SEEDSOURCE is to communicate, to people who use trees (e.g. foresters, farmers, conservationists), the necessary information on germplasm sourcing and utilisation to ensure that harvested systems use the best adapted material, that maximises production and profit, without eroding genetic diversity; and that regenerative projects adopt strategies that maximise the recruitment potential of natural systems to maintain ecosystem diversity and their long term adaptive potential. The project aims to provide sourcing and utilisation information for 50 of the most socio-economically important tree species in each of the Central and South American tropics (chosen based on extensive socio-economic survey and literature and after consultation with end users and stake holders during the initial startup phase of the project). These guidelines will be based on criteria and indicators developed from experimental project data of 12 study species for which studies on adaptive variation, genetic diversity, gene flow and regenerative capacity are combined with available background information and interpreted using meta-data analysis and simulation modelling procedures. Using this integrated approach, SEEDSOURCE will provide best practice policies for sourcing germplasm for reforestation within a range of degraded landscapes (logged forest, fragmented stands, degraded secondary forest and remnant trees isolated in abandoned farm land), and for trees with a range of lifestyles (pioneer or forest dependent) that are key components of a diverse ecosystem composition. This information will be individually tailored and targeted for uptake by different forestry and farming stakeholders (e.g. international and national policy makers, seed banks, forest management certifiers, conservationists, educators and extension workers dealing directly with farmers).