ORDEM DECAPODA

Decapoda é um grupo heterogêneo de crustáceos, capaz de ocupar uma ampla variedade de ecossistemas, terrestres e aquáticos. A importância do grupo vai além de seu papel ecológico e alcança a economia de nações em todo o mundo. Estimativas recentes revelam bilhões de dólares movimentados em todo o mundo decorrente da comercialização anual de mais de cinco milhões de toneladas de crustáceos decápodes marinhos (FAO, 2011). Distribuídos na atualidade em uma riqueza de mais de 14 mil espécies (Brusca & Brusca, 2003), os decápodes são popularmente conhecidos segundo as tradições de cada região como lagostas, camarões, caranguejos e siris, dentre outros. Das cerca de 700 espécies de decápodes registrados até os anos 90 no Brasil, mais de 580 são marinhas/estuarinas e estrategicamente importantes nas cidades costeiras brasileiras (Ramos-Porto & Coelho, 1993). Algumas dessas, como os camarões VG, cinza e sete-barbas, destacam-se no litoral norte do Rio de Janeiro como principal fonte de renda para comunidades pesqueiras tradicionais.

Aparentemente bem estudados e com uma vasta literatura disponível em aspectos de sistemática, bioquímica, ecologia e genética, os decápodes na realidade tem uma fase de sua vida ainda pouco conhecida: as larvas planctônicas. Essa fase é comum e abundante nas regiões costeiras brasileiras, cuja densidade é superada apenas pelos copépodes (Brandini et al., 1997). Apesar de abundantes, as fases larvares exibem morfologias e hábitos distintos dos bem-conhecidos adultos, o que explica pelo menos em parte a carência de informações confiáveis a respeito desse grupo.

De acordo com Martin & Davis (2001), os esforços em se classificar os decápodes tem resultado em uma sistemática ainda artificial para a maioria dos clados internos da ordem. Para a maioria dos estudos, é consenso haver a divisão em duas subordens - Dendrobranchiata e Pleocyemata - com base na morfologia das brânquias, na habilidade de manter os ovos presos ao corpo da fêmea e no tipo de desenvolvimento larvar. Esse último caráter, mais importante no âmbito do presente estudo, nos permite separar as larvas de Dendrobranchiata pelo desenvolvimento complexo em relação aos Pleocyemata. No primeiro caso, as larvas passam por quatro fases distintas, contra apenas duas no segundo. Resumidamente, ao final do desenvolvimento embrionário, eclode a primeira larva típica dos crustáceos - nauplius - e exclusiva dos Dendrobranchiata. Na medida em que desenvolvimento segue, ocorrem mudanças na morfologia e no comportamento que dão lugar as larvas protozoea, zoea e megalopa, após a qual se encerra o desenvolvimento larvar e tem inicio o juvenil. Embora para os Pleocyemata o desenvolvimento se inicie já na fase de zoea, as 145 famílias conhecidas na atualidade (Martin & Davis, 2001) reúnem uma variedade morfológica que pode representar uma barreira adicional a identificação taxonômica de espécimes provenientes do campo. Por essa razão, os esforços empreendidos para a coleta e identificação dos 22 táxons de crustáceos decápodes planctônicos registrados na Bacia de Campos, até o presente momento, dão a real medida da importância do estudo para o país.

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